quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

um trago um gole

gole seco desce sem m'aguar te perco num trago nem a fumaça e nem a sombra me ajudam te achar

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Berenice

- Muito raso. Disse meu irmão, - Teu pensamento saudosista. Raciocina! Lembra, nem sempre foi tão bom assim. Você entrou numa rotina e sabe que não tava feliz.

Até tentei uns caras. Talvez tenha perdido o costume, era uma possibilidade, pensei. Ou uma hipótese de pensamento pra escapar da verdade.

Desconfortável.
É assim que me sinto quando provoco meu alter ego, no intuito de provar o contrário.

São teus seios, já visto por todos, os responsáveis pela minha histeria. Parecia eternidade, era pra valer. A última vez, me disse. Então era pra valer. Eu também já estava cansada de pixar poemas nas ruas, preparar um lanche especial e outras reconquistas fracassadas... Ela não entendeu. Mas só passei dos 17 para os 21. Uma maturidade não bateu com a outra, e isso não estava nos planos. Eu iria crescer, fato. E o meu espírito adolescente, que alimentava a nossa vida juvenil, partiria para outro plano astral em pouco tempo. Então, quando passei a ter preguiça em seguir para o mesmo bar na semana seguinte e a estreitar a relação com amigos pela falta de tempo, pela canseira do trabalho ou pela nossa divergência em certos assuntos... foi-se embora. Nunca largou das carreiras e aquilo era uma pilha danada. Eu nunca soube levar as duas coisas direito. Nesse ponto eu era velha. Menos punk-rock’n’roll, “botar pra fudê até às 10h”. Encaro uma ou outra pegada, pra dar um brilho. Cerveja sempre. Obrigada. Mas nada que passe das 5h.

Minhas mãos deslizam devagar. O corpo escrito, carimbado do passado, foi, durante alguns anos, um terreno perigoso, infértil e sem saída pelo qual eu cavalguei. Logo, deixar a imaginação tomar conta de mim agora, seria o mesmo que abrir caminho para lepra corroer minha pele.

O doce estrala
lembro
O corpo fala
desejo
É sempre uma primeira viagem.
E o gosto amargo é o do fim.

Ô Berenice, acordei de ontem!
Adotei até um gato, dá pra acreditar?!
É que fiquei com saudades

domingo, 4 de novembro de 2012

pediu carona, mas o amor passou na contramão